quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Mais Proximo do Céu

Mãe, se eu fosse pastor haveria de dar um nome a cada pedra deste caminho
Mãe, se eu fosse vento arrastava a miséria para a cova mais funda
Mãe, se eu fosse flor daria pétalas que seria como pão de boca em boca
Mãe, se eu fosse presidente o pai não seria mandado para Longe
Mãe, se as minhas orações fossem atendidas o mar não banhava a nossa casa
Mãe, se sonhar fosse mais que um sonho a minha irmã festejava hoje os seus vinte anos
Mãe, se eu pudesse ser hoje homem duro cobrava o sangue que nos foi roubado
Mãe, achas que o silêncio tem vocação animal?
Achas que a força é um monstro que se domestica?Diz-me como se alcança o azul fluorescente
Fala-me da amoreira que fecundou lindas meninas
Pode o silêncio ser combatido com raticidas?
Mãe, o pai disse que vinha já e não veio, lembras-te?
Por que é que hoje não há cheiro a bolo de chocolate e não me tocas no cabelo?
Mãe, o que significa a bandeira preta?
Por que é que te finges morta?
Mãe, mãe, mãe!



Flávio Lopes da Silva - Escreve a este blog quinzenalmente

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