Passo a passo. gota a gota. é a terra quem faz mover nossos corpos trespassados pela luz da noite. é na pequena fenda dos lábios que o ar faz correr o sonho. como duas portas abertas: assim corre melhor o ar. levámos a coragem mas não fomos combater. levámos ideias mas não para criar partido. levámos sim o Desejo de uma Verdade. como as crianças que não mentem. atravessámos fronteiras e unimos as duas margens de um rio.
Passo a passo. de lua em lua. a civilização fora dos nossos mapas. os heróis sem o poder de outrora. pois é nosso o sangue de uma Vida e a arte de compreender os pensamentos naúticos. como nativos que atiram lanças ao silêncio. e dele extraem a vegetação para seus alimentos. passo a passo. de bruma em bruma. as plantas ibéricas foram mães que nos amamentaram. crisálidas as nossas guaridas. choupos os nossos pratos. pelos caminhos lembrámos reis e todo sangue inútil para dividir territórios. nos olhos da noite um vulto diz-nos: podem vir. obedecemos.
Passo a passo. de eco em eco. mudámos a cor da pele com a luz dos faróis. sem aquele medo de ficar mal nos retratos quando somos muito velhos. perguntámos as horas. se este é o caminho certo. mais a direito. alguém nos respondeu: ainda bem que aqui chegaram meus filhos da terra! abraçámos o homem. frágil como uma carta de amor. e como recompensa ele entrou dentro de nós. no nosso pensamento. que é maior que a nossa altura. uma luz mais que luz. um rumor de fogo sereno. mais tarde viémos a saber seu nome: Santiago de Compostela: o homem que é feito de todas as raças.
Flávio Lopes da Silva - Escreve a este blog quinzenalmente
sábado, 13 de setembro de 2008
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